Fool: Hey there!
Devil: Who is it?
Fool: It’s me.
Is this service boat yours?
Devil: Service for who?
Fool: For fools.
Devil: For you: enter.
Fool: Should I jump in or fly?
O for the sake of my grandpa
I ended up getting sick
And then I died real quick,
And for me the bell tolled.
Devil: What did you die of?
Fool: Of what?
A bout of diarrhea.
Devil: Of what?
Fool: I crapped myself to death.
And that’s why I’m in a bad mood!
Devil: Enter, come on in.
Fool: Hey now, don’t poke fun at the idiot!
Devil: Enter, eunuch fool,
We’re going asea.
Fool: Wait, wait, wait, you there:
And where is it we’ll end up?
Devil: With the devil to sup.
Fool: Where’s that?
Devil: Hell. Come in.
Fool: This is a hell of a bad time.
Hey, hey, boat of the devil.
With thick lips that bevel,
You cutter down of swamps!
Wolf like a sheep that romps.
Leaf from a plant in a bog,
Frog, frog, frog,
Son of a great traitor
Whose wife was a prater.
At whom a frog would think twice,
All rolled up in vice,
Grandson of a gypsy.
Onion-stealer (I’m tipsy),
Kicked out of the church,
You mule, I thee besmirch.
Take up your lost bread
Your wife who’d leave you dead.
And run away from here.
Before I kick you in the rear,
The devil stop you.
Ha, ha, I’ll throw you in,
Stupidity you’ll win.
Ha, ha, poop on the deck,
You talking head,
Old gypsy’s legs,
Stocks that robbers dread
The glassmaker’s dregs.
Parvo: Hou daquela!
Diabo: Quem?
Parvo: Eu sôo.
É esta naviarra vossa?
Diabo: De quem?
Parvo: Dos tolos.
Diabo: Vossa; Entrai.
Parvo: De pulo ou de voo?
Oh! pesar de meu avô
Soma vim adoecer,
e íui má hora morrer,
e nela pêra mi so.
Diabo: De que morreste?
Parvo: De que?
Samica de caganeira.
Diabo: De quê?
Parvo: De caga merdeira.
Má rabugem que te dê!
Diabo: Entra e põe aqui o pé.
Parvo: Sôo - Diérese do ditongo de soti.
Para mostrar a dislália do Parvo.
Diabo: Má ora - Em má hora.
Veja-se no vocabulário aramá.
Parvo: Ho a lá não tombe o zarabuco.
Diabo: Entra, tolaço eunuco,
que se nos vai a maré.
Parvo: Aguardai, aguardai, hou lá
e onde havemos nós d'ir ter?
Diabo: Ao porto de Lúcifer.
Parvo: Como?
Diabo: O Inferno, entra cá.
Parvo: O inferno ieramá,
Hio, hio, barca do cornudo,
beiçudo, beiçudo,
rachador d'alverca, huá!
Sapateiro de Landosa,
Õ antrecosto de carrapato,
sapato, sapato
filho da grande aleivosa;
tua mulher é tinhosa
e há de parirum sapo,
chentado no guardanapo,
neto de cagarrinhosa.
Lúcifer - Lúcifer, um dos nomes do demónio
leia-se aqui como vocábulo exítono.
Furta cebolas, hio, hio,
excomungado nas igrejas,
burrela cornudo sejas.
Toma o pão que te caiu,
a mulher que te fugiu
pêra a Ilha da Madeira.
Ratinho da Giesteira,
o demo que te pariu.
Hio, hio, lanço-te úa pulha
de pica naquela.
Hio, hio, caga na vela,
cabeça de grulha,
perna da cigarra velha,
pelourinho da Pampulha
rabo de íorno de telha.
In this passage from O auto da barca do inferno, the long tirade by the fool where he insults the devil was a special challenge for two reasons: first, many of the insults can’t translate word for word since they are idiomatic – tied to the time and place and second, keeping up the rhyming was difficult in the order written.
I solved these issues by choosing contemporary idiomatic expressions with similar meanings but different word content and rearranged the insults as necessary.
SMILING GIRL
(Without smiling, now)
My tongue is loosed! WWWWWaaaaaaaaaaa! Free, as free as can be! WWWWWWWWaaaaaaaaaaaaaa! And there is no pleasure in this, no, and there will never be pleasure in saying and hearing what I will say now! Calamity has fallen on this place. It has fallen and you can’t even mourn it. Calamity was drawn here and it didn’t resist: it came. There it is! Let it in! It was called, drawn here. Let it in! Open up space so that calamity falls on all you people’s faces! Let calamity blind you! And the earth will cry: about time! Let it rip out your nostrils with its hooks! And the earth will cry: about time!! Let it fill your mouths with salt! Intelligence… haaaaa. And the earth will cry: about time!! And let the calamity break your aristocrat necks and your shoulders curved in subservience! And the earth will cry: about time!! And let all the knees in world be broken and let all fall before that which was the opportunity to exist as human beings in truth!! And the earth will cry: about time!!
Hey! What’s going on here? Hey! It’s each of you, you I’m talking to! Now there’s no more music, now is the part you know only too well. Take care, because I know it too. I know it better than you. And you can rest assured, you can be sure that what’s coming will be the best of the worst. Rip the devil out of your heart! Once upon a time, in this same place, not many years ago: the world could still move forward. Some people could still see, they still built their houses with faith, the walls were the color of their principles. They still didn’t eat so much shit, didn’t drink so many sophisticated liquors. Today the music is lacking and there are too many certainties. Today silence is lacking and there is too much deception. No, no, please, don’t ask me to act like a sensible and civilized person, don’t ask me that, I am what is most sensible and civilized. Don’t ask me for consideration and generosity, don’t throw upon me that which you cannot carry yourself. I have hate and I’m running out of steam. You over here are good sense and the others at your side are common sense. Learn with me, learn from me. Let’s play, let’s quarrel, fight, me versus you. Come on! Where’s your courage? Rip the devil from your heart! Learn from me! Sons of bitches fucking shit fuck the world in its big, fat ass, you bastards!!! Go back to the snatches you crawled out of! I want to rip it out! Rip the devil out of your hearts!
Let’s walk together! Look at the sun there! I learned my lesson well. Toast to my health! Health!
There you go!
We’ve already toasted! We’ve already celebrated! We’ve already raised our glass at the height, the climax of calamity! Yes, now the heart can be spared. It will continue to beat in each one of you. It, that heart right there, it will make you smile day after day, it will make you always believe that the world is possible, Hahahahahahahahaahaha!!!! That, with every beat will bring the sound of your miserable condition and will dupe you with its promise of happiness, with your desire to make right your life and be recognized by your equals as somebody different and special. Because that’s how it should be. That you keep on living, deceived, with the pain of your work and your birth. Shouldn’t it be that way?
Is it not decreed so? Then let’s get to it, people, go on! Because I’m letting it go. This humanity of yours does nothing for me now. I’ll go on without a heart. Now I sew up my chest with thick thread, and that will give me a thick scar, a rough scar, so there will never again be a heart in my chest. And the earth will cry: about time!!
MOÇA SORRIDENTE
(Sem sorrir, agora)
A minha língua está solta! UUUUUaaaaaaaaaaaaaaaaa! Solta, soltíssima! UUUUUUUUUUUUaaaaaaaaaaaaaa! E não há prazer nisso não, e não haverá prazer jamais em dizer e escutar o que eu digo agora! A calamidade caiu sobre este lugar. Caiu e vocês nem sequer podem lamentar. A calamidade foi atraída e não resistiu: veio. Aí está ela! Deixem-na entrar! Ela foi chamada, atraída. Deixem-na entrar! Abram espaço para que a calamidade caia em seus rostos de gente! Que a calamidade os cegue! E a terra dirá: em boa hora! Que ela arranque com ganchos as suas narinas! E a terra dirá: em boa hora!! Que ela enfie sal por suas bocas! Inteligência….. ráaaaa. E a terra dirá: em boa hora!! E que a calamidade quebre seus pescoços de aristocratas e seus ombros curvados de subserviência! E a terra dirá: em boa hora!! E que todos os joelhos do mundo sejam partidos e que todos caiam diante daquela que foi a possibilidade de existir como seres humanos em verdade!! E a terra dirá: em boa hora!!
Ei! O que acontece aqui? Ei!, é com vocês mesmo, estou falando com vocês! Agora não é mais música não, agora é a parte que vocês conhecem bem. Cuidado, porque isso eu também conheço. Conheço melhor que vocês. E podem estar tranqüilos, podem ter a certeza de que o que virá será o melhor do pior. Arranquem o diabo do coração! Era uma vez, nesse mesmo lugar, há poucos anos atrás: o mundo ainda podia andar para frente. Alguns ainda enxergavam, ainda construíam suas casas com sua fé, as paredes tinham a cor de seus princípios. Ainda não se comia tanta merda, não se bebiam licores tão sofisticados. Hoje falta a música e sobram certezas. Hoje falta o silêncio e sobram desilusões. Não, não, por favor, não me peçam que eu aja como uma pessoa sensata e civilizada, não me peçam isso, porque eu sou o que há de mais sensato e civilizado. Não me peçam ponderação ou generosidade, não joguem sobre mim aquilo que vocês não conseguem carregar.Tenho pressão baixa e tenho ódio. Vocês aqui são o bom senso e os outros ali ao lado são o senso comum. Aprendam comigo, aprendam de mim. Vamos brincar, vamos brigar, lutar, eu contra vocês todos. Vamos! Não têm coragem? Arranquem o diabo do coração! Aprendam de mim! Filhos da puta caralho merda o mundo é um grande rabo, desgraçados!!! Vão à puta que pariu! Eu quero arrancar! Arrancar o diabo do coração!
Vamos juntos passear! Olhem o sol aí! Eu aprendi bem a lição. Brindem à minha saúde! Saúde!
Pronto!
Já brindamos! Já celebramos! Já levantamos nossa taça no ápice, no clímax da calamidade! Agora sim pode lhes ser poupado o coração. Ele há de continuar batendo em cada um. Ele, esse seu coração aí, esse os fará sorrir dia após dia, os fará acreditar sempre que o mundo é possível. Rarararararararaara!!!! Esse a cada batida trará o som da sua condição miserável e os ludibriará com sua promessa de felicidade, com seu desejo de dar certo na vida e de ser reconhecido pelos iguais como alguém diferente e especial. Porque assim é que deve ser. Que vocês vivam ainda, ludibriados, na dor do seu trabalho e de seu parto. Não é assim que deve ser?
Isto não é um decreto? Pois vamos lá, gente, sigam!
Pois eu abdico disso. Essa humanidade de vocês não me serve mais. Vou seguir sem coração. Costuro agora o meu peito com fio grosso, e isso me dará uma cicatriz grossa, grosseira, para que nunca mais esteja nele um coração. E a terra dirá: em boa hora!!